12.31.2008

O arquitecto Otto Waggner e a arquitectura Vienense






Villa Wagner II - 1913 - Otto Wagner - Viena

Em pleno século XXI poderá parecer estranho chamar a Otto Wagner um pioneiro da Modernidade. Mas essa desconfiança rapidamente desaparece quando nos debruçamos sobre a verdadeira natureza da Arte Nova Vienense, da sua arquitectura e do papel do arquitecto em todo este contexto. A Arte Nova em Geral e a arquitectura de Wagner em particular é uma profunda evolução que se coloca sobre toda a tradição clássica. Na verdade, toda a linguagem clássica que resultava da utilização dos elementos construtivos e decorativos greco-romanos não é colocada de lado, mas é completamente geometrizada de acordo com as novas vanguardas estéticas que surgiam em todas as artes. Assim Wagner como arquitecto vienense que era trabalha o edifício aglomerando não só arquitectos como pintores e escultores. Ora, esses escultores e pintores não só contaminavam a arquitectura de modernidade como por ela se deixavam contaminar. A geometria começa a dominar e as cores surgem cada vez mais saturadas nas suas obras. Wagner é extraordinário se atentarmos que nasce em 1841 e é precisamente no fim da vida que os seus trabalhos se tornam mais recheados de modernismo. O projecto da Villa Wagner é exemplo desta fase mais avançada, em que os espaços clássicos se fundem com corrijas geometrizadas, vãos austeros e a decoração vanguardista contaminando e provocando a arquitectura.
Infelizmente, o arquitecto e o artista plástico, ou melhor, a arte e a arquitectura, não mais voltaram sequer a estar tão intimamente comprometidas com a modernidade...





12.16.2008

O projecto de arquitectura moderna de Wright





Frank Lloyd Wright - Casa Ennis - Los Angeles - 1924
Falar de Frank Lloyd Wright não é nada fácil, contudo é um arquitecto incontornável na modernidade da arquitectura. É preciso não esquecer que nasce em 1867 e falece em 1959. A sua obra percorre um dos momentos em que mais acelerou a História Universal, e em particular a Arquitectura. Contudo, existem características que fazem de Wright um arquitecto absolutamente singular. Em primeiro lugar, assiste a todos os movimentos artísticos que possamos imaginar, domesticando-os e adptando-os à sua própria forma de trabalhar. Isto é se tentarmos classificar os seus projectos, pura e simplesmente não conseguiremos. Então podemos colocar a pergunta: qual a sua singularidade? A sua singularidade reside no trabalho sobre o projecto de arquitectura na sua relação com o lugar, com o clima e com a construção. Tal atitude faz com que cada projecto seja um projecto e com que precorra todas as linguagens arquitectónicas sem que perdam consistência em cada lugar.
Vejamos a Casa Ennis de Los Angeles. Contraria em parte muitas das obras pelas quais Wright ficou famoso ( Gugenheim e Casa da Cascata ). Possui decoração, em vez de leve é pesada, e utiliza blocos de betão pré-fabricado que nos remontam para as linguagens das arquitecturas da américa do Sul pré-colombiana. Pois bem, Wright tinha o clima intenso da califórnia, tinha umas vistas explendidas sobre um vale, uns clientes que pretendiam uma privacidade extrema e um contexto de construção muito particular. O fascínio que possuía pelas arquitecturas da américa do sul fez por momentos esquecer as varandas em consola e a horizontalidade pelas quais tão conhecido ficou.
O projecto de arquitectura de Wright é um projecto comprometido com um tempo e um lugar que varia constantemente. Mas a lição do cuidado com o espírito do lugar... essa jamais a arquitectura moderna esquecerá...