1.16.2009

Pieter Oud e Arquitectura Moderna nos projectos de casas






Johannes Pieter Oud - Bairro kiefhoek - Roterdão - 1925

Oud é um arquitecto Holandês relativamente conhecido no centro da Europa. É um grande impulsionador das vanguardas estéticas na arquitectura. Nos anos 20 é o arquitecto Municipal de Roterdão e tem a enorme responsabilidade de coordenar os projectos de novos bairros públicos para esta cidade. O que distingue Oud é a incorporação de modernidade nos projectos de casas a custos controlados e de áreas reduzidas. A arquitectura mantém-se de qualidade extraordinária e no entanto os orçamentos são extremamente reduzidos. Por outro lado, os projectos de habitação social não se infestaram dos erros urbanísticos tão comuns nesta época e mesmo nos nossos dias. A habitação social é integrada entre comércio e serviços, normalmente em gavetos, e faz com que estes pedaços de cidade nova se integrem em perfeita harmonia com o resto de Roterdão.
Infelizmente foi preciso cometer os graves erros da monofuncionalidade (bairros-dormitório)para que a lição se aprendesse e se pudesse analisar com cuidado e rigor o enorme legado da arquitectura de Oud.

1.10.2009

A Arquitectura e o Arquitecto Fernando Távora






Fernando távora-Quinta da Conceição-Matosinhos-1960

Fernando Távora é sem margem para dúvida um grande arquitecto moderno do XX português. A sua educação arquitectónica com o Mestre Carlos Ramos, seu professor, permitiu-lhe abrir os horizontes para a modernidade. Carlos Ramos não podendo ensinar arquitectura moderna em Lisboa, por diversas razões ( incluindo políticas ) desenvolve no Porto o curso de arquitectura na Faculdade de Belas Artes e convida Fernando Tavora para assistente. Estavam assim criadas as condições para o desenvolvimento da arquitectura moderna em Portugal em geral e a de Távora em particular.
Távora é um dos frequentadores dos CIAM e priva com Le Corbusier, Walter Gropius, Aalto entre outros...
A arquitectura de Távora é mais moderna do que a de qualquer outro arquitecto do século XX por uma razão muito simples: não havia quase nenhuma, isto é, Portugal era um país em que as vanguardas arquitectónicas tinham sido muito pouco ou nada exploradas.
Mas Távora não encara a arquitectura moderna como um modelo a seguir. Daí a sua singularidade. Távora percebe que a arquitectura moderna internacional era um conjunto de tendências que havia que digerir. Pretendia antes projectar a arquitectura moderna em Portugal, mas ARQUITECTURA PORTUGUESA. Essa é a sua grande lição de modernidade. Num certo sentido Távora já é um pós-moderno...tão moderno que era...
Se olharmos para a Quinta da Conceição em Matosinhos, verificamos o quanto este arquitecto português foi influenciado pela arquitectura minimalista de Barragán, pela arquitectura japonesa (grande fonte de inspiração das vanguardas do norte da europa), mas também pela arquitectura popular portuguesa e da sua deliciosa e cuidada relação entre a construção, a paisagem e a topografia.
A construção e a arquitectura moderna em Portugal ganham com Távora um rumo e um sentido. A arquitectura da modernidade poderia agora sair de Portugal para o mundo...e não somente o contrário.