4.24.2009

O arquitecto Terragni e a arquitectura racionalista







Terragni - Casa del Fascio - 1936 - Como
Giuseppe Terragni, arquitecto italiano racionalista nasce em 1904 e morre em 1943. Terragni vive e trabalha durante o regime fascista Italiano. Mussolini apreciava a arquitectura moderna na medida em que se tratava de um elemento diferenciador do regime. Terragni sabia disso e sempre apoiou o regime fascista italiano. É importante não esquecer que o regime Soviético rejeitara a arquitectura moderna e preferira adoptar a arquitectura clássica revivalista. Muitos arquitectos modernos refugiaram-se na Europa ocidental por isso mesmo.
Em Itália o cenário era diferente e independentemente da posição política de Terragni seria uma enorme injustiça não reconhecer a qualidade deste arquitecto incontornável. Terragni é líder de um movimento de arquitectos que prima pelo rigor construtivo, pela ordem e organização dos espaços, pela luminosidade, pela vanguarda na utilização dos materiais industriais, pela relação aberta com o exterior e por um cuidado sentido de proporção.
A Casa del Fascio, hoje conhecida por Casa del Popolo, tentativa de branqueamento político, é um exemplo paradigmático da sua arquitectura. Concebida como um paralelepípedo escavado de diferentes formas, trata-se de um centro cívico de enorme qualidade no rigor da aplicação dos materiais, nos detalhes construtivos e apresenta uma enorme contenção na utilização de recursos.
Sabemos que Terragni era fascista. Sabemos também que a sua arquitectura representa o fascismo e exaltava-o. Mas também sabemos que não seria outra coisa senão fascista apagá-lo da História da Arquitectura, até porque, grande parte da linguagem de Terragni seria usada por inúmeros regimes de esquerda quando a União Soviética se abrisse à arquitectura moderna no pós-guerra...
A arquitectura de Terragni com o seu rigor construtivo, não mais sairiam da memória dos arquitectos, fossem eles de esquerda ou de direita...

4.05.2009

O arquitecto Gunnar Asplund e a arquitectura moderna de identidade







Gunnar Asplund - Capela - Estocolmo 1918

Gunnar Asplund é um arquitecto sueco que atravessa o período mais conturbado da modernidade da arquitectura. Nascem em 1885 e morre em 1940.
No entanto a sua localização, a sua cultura e o seu discernimento fizerem deste arquitecto um personagem algo marginal às grandes vanguardas estéticas que se desenrolavam na altura. Todavia a História da arquitectura faria a sua justiça e entenderia aquilo que fora muitas vezes considerado reaccionário como algo de extraordinária sabedoria.
Gunnar Asplund tem particular importância porque sabia o quanto a simbologia e o lugar eram importantes na arquitectura.
Assim para além de um olhar atento e sensível aos lugares, Asplund sabia que uma porta era mais que uma porta, que um telhado é mais que um telhado, que uma coluna dórica é muito mais do que uma coluna dórica. Asplund sabia que a arquitectura vivia de símbolos e por isso nunca renegou a linguagem clássica greco-romana. O que Asplund fez foi adaptá-la a um nível de beleza e minimalismo que muitos julgariam impossível.
A Capela de Estocolomo é um exemplo de simbologia, simplicidade, sensibilidade ao lugar e linguagem minimalista "avant-la-lettre". As suas colunas delicadas, o rigoroso remate do seu telhado, a simplicidade com que dialoga com o bosque, a força da sua luz interior elevaram a arquitectura moderna a um patamar nunca antes alcançado.
A arquitectura moderna sabia agora representar os mitos do Homem, sabia agora no fundo...comover.